quinta-feira, 10 de novembro de 2011

SOU CATÓLICO, APOSTÓLICO, BAIANO

“ Sou devoto de Santo Antônio e de Nossa Senhora do Carmo. Entrei no candomblé, tardiamente, aos 20 e tantos anos, pelas mãos de Luiza Olivetto e Lícia Fabio, que me pediram para ajudar nas obras de restauração do telhado do Terreiro do Gantois.
Fui consertar o telhado do Gantois e o Gantois consertou minha vida. O candomblé não é uma religião. É um culto. Culto aos antepassados, às forças da natureza.
O candomblé é moderno. Ele já era ecológico antes que a ecologia entrasse em voga. Ele é avançado. Não exclui opções sexuais. Ao contrário, acolhe.
Os deuses do candomblé têm ira, inveja e raiva. Xangô é colérico. Oxum é ciumenta e chorosa. Ogum tem o pavio curto.
A religião católica quer que os homens sejam deuses. No candomblé, são os deuses que baixam nos homens. Não é muito chique ser do candomblé.
Pelo menos na parte do país em que eu vivo. Como toda cultura vinda dos vencidos, é visto como desvio, coisa de gente desajustada ou de artista.
E confesso que isso, ao contrário de me afastar dele, sempre me instigou a caminhar contra o vento.
Toda sexta-feira, vejo, aqui e ali, o olhar jocoso com que algumas pessoas me olham vestido de branco.
Neste momento, sou judeu. Adoro como os judeus se afirmam pelo mundo usando suas barbas, seus quipás e seus casacos longos, onde convêm e onde não convêm.
Aliás, como estudante bissexto de cabala, vejo constantemente as similaridades entre procedimentos do candomblé e do judaísmo.
Eles também se preocupam com olho gordo, eles também passam frango no corpo, eles também se banham em sal grosso. Enfim, há muitas similaridades entre o candomblé e a cultura judaica.
O candomblé é, e isso precisa ficar bem claro, o culto do bem. Tantas vezes confundido com feitiço. Ele é magia. As grandes mães-de-santo da Bahia se dedicavam sempre ao bem e à luz.
Se, aqui e ali, alguém usou esses poderes santos para o mal, é descaminho. E contra ele a força deve ter se voltado com certeza. O catolicismo não pode ser julgado a partir de padres pedófilos. E o candomblé não pode ser julgado a partir de pais-de-santo picaretas que ficam se exibindo na TV ou fazendo macumbas perversas.
Tenho certeza de que na hora em que o Santo Padre pisar no Brasil, todas as mães-de-santo do país e seus filhos e filhas estarão rezando e saudando sua Santidade.
Ainda que a igreja não tenha sido nem seja tão generosa com o candomblé.
Mas o candomblé não está nem aí. Queira Roma ou não, na Bahia, igrejas e terreiros convivem e se abraçam. E isso é mágico.
E candomblé é magia. Aquela energia que a gente sente na Bahia vem dele. Aquela comida vem dele. Aquela música, aquela batida vem dele.
Aquela sensualidade e aquela pimenta vêm dele.
Sua Santidade, por ser padre e por ser alemão, talvez não tenha o mesmo jogo de cintura para assimilar tudo isso.
Mas meus olhos e meu coração não podem negar o bem que mãe Cleusa me fez. O bem que mãe Stella me faz. Coisas inexplicáveis que eu não entendi. Mas presenciei.
E não se pode negar o bem e as coisas mágicas que elas fazem pelos pobres. O candomblé sempre foi e continua pobre.
Não tem catedrais, nem TVs, nem rádios. Não faz coleta de dinheiro.
Ao contrário, as grandes mães-de-santo doam. Ao invés de lucrarem, vivem modestissimamente. E vivem consumidas dia e noite por todos aqueles que as procuram por um amor, pelo sossego perdido, pela paz nunca encontrada, pela esperança de cura ou de um amanhã melhor.
Vi mãe Cleusa, minha linda mãe do Gantois, morrer muito cedo, estressada por sua luta e sua dedicação à causa de sua mãe. Causa que hoje mãe Carmem, irmã da falecida, conduz com garbo, doçura e carinho.
Vejo mãe Stella, a maior mãe de santo do Brasil e a mãe de santo que eu escolhi, do alto dos seus 80 anos, consumir seus dias a dar ao povo pobre da Bahia, luz e esperança a setores da sociedade onde geralmente a luz e esperança não chegam.
Mãe Stela vive franciscanamente. Nunca fez voto de pobreza. Porque os pobres não precisam desse voto já que já são pobres.
O candomblé foi perseguido no passado pela polícia. Hoje é perseguido pelas igrejas evangélicas. Que escolheram o candomblé como bode expiatório num marketing infame.
E batem dia e noite no candomblé. Diante do silêncio lamentável de todos nós.
Bisneto de preto, neto de pobres, filho da Bahia, de mãe Cleusa e mãe Stella, teimosamente digo não a essa perseguição implacável. E defendo nosso direito democrático de acreditar na força do trovão, dos mares, do vento e da chuva.
Pode ser primário, mas é lindo. Quer coisa mais bonita do que acreditar que os deuses podem baixar entre os homens em lugares tão pobres onde nem a saúde, a educação e polícia se interessam em ir?
Por isso saúdo sua Santidade e peço a Xangô e a Oxum que guiem seus caminhos para que ele possa ser uma grande mãe ao longo de seu papado.
Que, além de encíclicas e regras, ele nos dê colo e carinho, porque o que o mundo mais precisa é de colo e carinho. Que ele seja o carinho da gente, a estrela mais linda. Que ele seja uma espécie de mãe Menininha global. Porque, ao fazer isso, ele honrará o trono de Pedro e terá cumprido, no fim de seu papado, seu papel no tempo e na história.”

Nizan Guanaes
* Fonte: O Essencial do Candomblé, pg. 7, 8, 9 e 10. Autor: Ademir Barbosa Júnior

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Topa Direc 7


O TOPA / Direc 7 iniciará o processo de adesão das entidades para a V Etapa

Nos dias 6 e 7 outubro foi realizado em Salvador o Encontro estadual dos supervisores do topa. Nesse encontro, houve uma avaliação sobre a IV Etapa, seus avanços e impasses; e orientações sobre a organização da V etapa.
Queremos então a partir de agora já iniciar o processo de mobilização da V etapa na direc 7. Temos um calendário apertado, que segue a agenda do MEC, pois o TOPA faz parte do Brasil Alfabetizado do Governo Federal. O Brasil Alfabetizado (nosso caso TOPA) funciona orientado por resoluções do MEC/FNDE, bem como pela Legislação Educacional vigente. A V Etapa está sendo orientada pela Resolução CD/FNDE Nº 32 de 1º de Julho de 2011, que “Estabelece orientações, critérios e procedimentos relativos à transferência automática a estados, municípios e ao Distrito Federal dos recursos financeiros do Programa Brasil Alfabetizado no exercício de 2011, bem como ao pagamento de bolsas aos voluntários que atuam no programa.”

Calendário de organização da V Etapa

Outubro. Faremos a mobilização das entidades, que, por sua vez, farão o recrutamento dos coordenadores, alfabetizadores e o cadastro (informal) dos alunos.
Novembro. Realizaremos a adesão das entidades. Quem pode participar? Qualquer entidade da sociedade civil sem fins lucrativos que seja devidamente registrada, possua CNPJ, tenha no mínimo um ano de existência legal. O que o dirigente interessado deve fazer? Primeiro, analisar internamente se a sua entidade tem relação com o público do topa: pessoas acima de 15 anos analfabetas; constatada essa relação social, ver se é possível mobilizar alunos e professores; lembrando que as pessoas atuarão no topa na condição de voluntários, não existe nenhuma obrigação trabalhista, não é pago nenhuma remuneração. O que o programa oferece é uma bolsa, uma ajuda de custo, no valor de 500 reais para o coordenador (a), que deve ter formação em nível superior em educação, já concluído ou em curso; e 250 reais para o alfabetizador (a), que dever ter, no mínimo, formação de nível médio completo. Ambos devem ter experiência anterior em educação, preferencialmente, em educação de jovens e adultos. Após esse processo, o líder de entidade deve procurar o supervisor do topa para acertar a adesão, munido dos seguintes documentos:

1- Termo de Adesão, devidamente assinado pelo representante legal;
2- Cópia do CNPJ da entidade (deverá comprovar no mínimo um ano de existência);
3- Cópia do estatuto;
4- Cópia do RG e CPF do representante legal;
5- Cópia do Termo ou Ata de Posse do representante legal, devidamente registrado em cartório;
6- Cópia do comprovante de resistência do representante legal (em nome do mesmo);
7- Cópia do comprovante de endereço da sede da Entidade (sede municipal);
8- Certidões negativas de Débito (Tributária Federal, Estadual, Embasa e Conder)
9- Certidões negativas do SICON – Sistema de Informações Gerenciais de Convênios e Contratos
10- Certidões de regularidade com o INSS e FGTS;
11- Ofício com a meta a ser atendida pela Entidade (quantidade de turmas, alunos (a), alfabetizadores, coordenadores e tradutores intérprete de LIBRAS, que serão cadastrados);
12- Apresentar cópias dos comprovantes de escolaridade para alfabetizadores (Histórico Escolar/ Ensino Médio concluído) e para Coordenadores de Turmas (Histórico Escolar ou Diploma/ Ensino Superior concluído ou Declaração da Unidade de Ensino de que está cursando o ensino superior);
13- Declaração de capacidade técnica da entidade (declarar experiências anteriores em alfabetização e a disponibilidade de espaços adequados para o bom funcionamento das turmas).

Esta documentação será encaminhada à Equipe central do TOPA, em Salvador, de quem depende a aprovação. Caso a entidade seja aprovada, o supervisor receberá então os cadastros dos bolsistas e alfabetizandos da entidade para cadastramento no Sistema Brasil Alfabetizado - SBA.
Dezembro/fevereiro. Cadastramento das turmas na direc.
Março (perspectiva) - Final do cadastramento e início das aulas com os professores que já fizeram a formação de 40h.
Apesar do esforço que os municípios, o Estado da Bahia e as entidades da sociedade civil organizada vêm empreendendo para superar o analfabetismo em nossa região, o número de analfabetos ainda é grande, esses números, por si só, já dispensam maiores argumentos a favor da continuidade do topa em nossa região e na Bahia e servem, evidentemente, para conclamar às organizações governamentais e não-governamentais a continuarem firmes nessa luta para assegurar a cidadania,o direito à educação a todos.

Índice de analfabetismo nos municípios jurisdicionados à Direc 7- Censo 2010

População residente de 15 anos ou mais de idade 2010
Município
Total
Não alfabetizada
Taxa de analfabetismo
Almadina
4.742
1.509
31,82
Aurelino Leal
9.684
2.588
26,72
Barro Preto
4.834
1.272
26,31
Buerarema
13.903
3.211
23,10
Camacan
22.018
5.025
22,82
Coaraci
15.704
3.699
23,55
Floresta Azul
7.902
2.289
28,97
Gongogi
6.135
1.745
28,44
Ibicaraí
18.007
3.872
21,50
Itabuna
158.028
16.398
10,38
Itaju do Colônia
5.095
1.307
25,65
Itajuípe
15.712
3.427
21,81
Itapé
8.146
1.891
23,21
Itapitanga
7.517
1.930
25,68
Jussari
4.686
1.381
29,47
Pau Brasil
7.399
2.086
28,19
Santa Cruz da Vitória
5.031
1.238
24,61
São José da Vitória
4.049
1.137
28,08
Ubaitaba
15.044
3.207
21,32


Noel Costa dos Santos - Supervisor do TOPA
(73) 3215-2577 Ramal 236

terça-feira, 4 de outubro de 2011

O evento dos idosos que a mídia não mostrou

A linda festa do topa comemorando O Dia Nacional do Idoso


No último sábado, primeiro outubro, o TOPA/ Direc 7 realizou em Itabuna, no auditório da FTC, um lindo encontro para homenagear os alunos do programa, no Dia Nacional do Idoso. O encontro reuniu mais de 300 pessoas, com alunos, professores e coordenadores de vários municípios da região cacaueira.

Logo na chegada, tratamento vip com degustação dos produtos feitos por estudantes do Curso de Nutrição e com exames realizados pelos alunos do Curso de Enfermagem, ambos do CEEP do de Itabuna.
 O encontrou iniciou com muita alegria e integração, com uma dinâmica de grupo animada pela professora Eliúde. A dinâmica mexeu com a auto-estima, todos abraçando a si mesmo como alguém importante, para, logo depois, abraçar os outros.

A saudação inicial foi feita, de forma muito entusiasmada, pelo Diretor da API de Itabuna, professor João; pela representante da Associação de Moradores Unidos do Morro de Pau-Brasil, professora Raimunda Lúcia; pela Diretora da CODEB/Direc 7, professora Ivone Miranda; pela coordenadora da Unidade formadora do TOPA/UESC, professora Gilvânia; e pelo supervisor do topa, professor Noel Costa.     
Foi um momento de festa e de reflexão. A Gerente executiva do INSS de Itabuna, Ariádene Gonçalves Pitanga, falou sobre Os direitos fundamentais do idoso. O bancário, funcionário do Banco do Brasil, Srº Jorimar Xavier de Castro, fez uma exposição sobre O idoso e o serviço bancário.

O jornalista Paulo Lima, do Conselho municipal do Idoso de Itabuna, fez esclarecimentos importantíssimos sobre O papel do Conselho do Idoso e presenteou o público com um dos seus poemas: Velho.

VELHO
Velho é o sol. Entretanto, continua sendo a maior fonte de energia e calor da nossa galáxia.
Velho é o vento, mas produz a brisa que beija a face da criança, a impulsividade do jovem e os cabelos brancos do idoso.
Velho é o oceano, que se renova a cada tempestade e cujas ondas do mar beijam a praia e deixa a espuma branca como símbolo da paz.
Velho é o gorjear dos pássaros através do milênio, cujos pardais, com sua sinfonia matinal, acalentam o sono da criança e desperta o adulto para a luta diária da sobrevivência.
Velhas, são as árvores milenares, cujos cedros do Líbano produziram as naus fenícias, fazendo daquele povo os maiores navegadores das civilizações antigas.
Não foi um velho, mas um jovem de 22 anos, chamado Nero que ateou fogo em Roma, enquanto um homem de 80 anos, chamado Goethe produziu “O Fausto” uma das maiores obras da literatura universal.
Velho é Deus, que se renova a cada manhã, a cada alvorada e a cada crepúsculo, nas estações do ano, no oxigênio que respiramos, na velocidade do nosso pensamento; porque Deus é velho, é moço, é criança, é adulto, é homem, é mulher, na obra fantástica da sua criação. Portanto, o que existe é Deus, que é hoje, ontem e amanhã. Não tem começo e não tem fim. Ele é a criação se perpetuando, se multiplicando sem limite de tempo e de espaço.
Ele é o que é

























A animação do encontro ficou por conta do cantor Adroaldo de Itabuna e do Grupo Vocal Adonai. As pessoas cantaram, se emocionaram numa integração respeitosa do sagrado com o profano, num clima ecumênico.  
Ponto alto do encontro, o momento da entrega dos presentes. Todos os alunos saíram com um presente do encontro. Esses presentes foram adquiridos de várias formas: comprados pelos próprios professores e coordenadores ou doação do comércio regional. Muita coisa boa e útil: panela de pressão, ferro de passar, liquidificador, rádio AM/FM, garrafa térmica, etc.

A festa continua. Na saída, um saboroso lanche, preparado por mãos generosas. Tudo muito caprichado, com o sabor e a beleza que todos nós merecemos, nada de coisa pobre para os pobres, o povo merece ser tratado com respeito e dignidade. Essa foi a filosofia que orientou toda a produção do encontro.


Salve os alunos do topa! Salve os idosos! Salve os oito anos de existência do Estatuto do Idoso.

Agradecimentos:

A todos os alunos que deixaram seus lares em pleno sábado à tarde, momento de descanso. Às prefeituras que cederam ônibus (Buerarema, Itapé, Pau-Brasil, Ubaitaba); A FTC, pelo espaço e apoio; a todos os comerciantes que enviaram presentes. Aos estudantes do CEEP de Itabuna. Aos nossos artistas: Adroaldo e ao Grupo vocal Adonai. Aos nossos expositores. Aos funcionários da Direc 7.

Parabéns

Parabéns ao time do topa pelo excelente trabalho: alfabetizadores, coordenadores, secretários de educação, líderes de entidade, unidade formadora, digitadoras. Quando todo mundo topa, a mudança acontece!


Noel Costa dos Santos

Supervisor Regional do TOPA

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Encontro Regional do Topa – Comemoração do Dia do Idoso


Encontro Regional do Topa – Comemoração do Dia do Idoso


No próximo sábado, dia primeiro de outubro, às 15h, O Programa TOPA – Todos pela alfabetização, Direc -7, realizará um encontro regional para celebrar o dia do idoso e para  refletir sobre a condição sócio- econômica- social dessa parcela importante da sociedade na região do cacau.
Esse encontro representa a síntese do que foi trabalhado com os idosos nas salas de aula do topa na região, por meio do projeto Avôhai: refletindo sobre a condição do idoso na região cacaueira. Durante uma semana o projeto foi desenvolvido pedagogicamente com os seguintes objetivos:
  •  Ofertar condição do idoso dizer a SUA PALAVRA, de forma oral e escrita, sobre si mesmo, sobre sua condição sócio - econômica - cultural.
  •  Refletir sobre o respeito e sobre a violação dos direitos dos idosos.
  •  Realizar atividades que contribuam no desenvolvimento da auto-estima do idoso.
  •  Identificar e divulgar meios que possam ajudar na melhoria da qualidade de vida do idoso.
Para dar conta desses objetivos os educadores trabalharam com a leitura do Estatuto do Idoso, com textos jornalísticos, textos literários e com produção de texto. A produção de texto consistiu, após a leitura do estatuto, na escrita, por parte dos alunos, de depoimentos sobre os direitos do idoso que estão sendo violados. Esses depoimentos serão reunidos e se transformarão num “dossiê”, que será entregue às autoridades regionais e estaduais. Um tipo depoimento, repetido por muitos alunos do programa que já aprenderam a escrever o seu próprio nome, afirma que em várias instituições, inclusive públicas, são pressionados a “colocarem o dedão”, por ainda escreverem lentamente.  Se entendermos que se livrar da “esponja”, de “sujar o dedão” representa a libertação de um estigma, de uma marca negativa que identifica o sujeito a partir de algo que ele está lutando para superar, teremos que entender que sociedade não está sendo justa com essas pessoas que estão procurando se alfabetizar, mesmo depois “das vistas curtas” ou “cansadas”. Nesse sentido, esse evento pretende ser um marco no campo dos Direitos Humanos, sobre a dignidade humana na região do cacau.
Junto à reflexão, teremos o lado festivo do evento: apresentações culturais, algumas com a participação dos alunos; outras, de artistas e grupos culturais que virão homenagear os idosos. O programa recebeu um apoio generoso do comércio da região, o que permitirá sorteios de presentes para os matriculados no TOPA.
No evento, ainda procurando atingir os objetivos propostos pelo Projeto Avôhai, contaremos com representantes de instituições que atuam com a terceira idade para uma prosa sobre o direito dos idosos, a partir dos seguintes temas:

·         O perfil do aluno do topa
·         Os direitos essenciais dos idosos
·         O idoso e o serviço bancário
·         A melhor idade, para quem?

Entretanto, acreditamos que o ponto alto do encontro será o momento do idoso a dizer a sua palavra; na pauta, consta um momento específico para idosos passarem suas lições de vida para os mais novos. Sintam- se todos convidados, participem desse momento de ternura e cidadania! 


Noel Costa dos Santos
Supervisor Regional do TOPA
Direc 7

quinta-feira, 22 de setembro de 2011




Projeto Avôhai:
Refletindo sobre a condição do idoso na região do cacau



Objetivo geral

Aproveitar o dia do idoso, 1º de outubro, para refletir  sobre a condição dos educandos do topa e,por extensão,sobre a condição do idoso na Região do Cacau.

Objetivos específicos

  •  Ofertar condição do idoso dizer a SUA PALAVRA, de forma oral e escrita, sobre si mesmo, sobre sua condição sócio- econômica- cultural.
  •  Refletir sobre o respeito e sobre a violação dos direitos dos idosos.
  •  Realizar atividades que contribuam no desenvolvimento da auto-estima do idoso.
  •  Identificar e divulgar meios que possam ajudar na melhoria da qualidade de vida do idoso.
Metodologia

Nas salas de aula serão discutidos os direitos dos idosos, a partir do Estatuto do Idoso, verificando-se quais os direitos que estão sendo respeitados e quais estão sendo violados. Também serão trabalhados poemas, músicas, causos, contos, textos jornalísticos, por meio da escrita e oralmente. Desse trabalho resultará um dossiê, um documento apontando quais os direitos dos idosos que não estão sendo respeitados em nossa região, esse documento será encaminhado às autoridades competentes e também será divulgado no Encontro Regional.
Dos responsáveis: O projeto terá a coordenação do TOPA/ Direc – 7, mas esperamos contar com o apoio da sociedade em geral (comerciantes, instituições não governamentais) e, principalmente, dos parceiros: entidades, prefeituras e unidade formadora.
Do encontro regional: O encontro será realizado em Itabuna, dia 1º de outubro, sábado, às 15h, com alunos e professores do topa representando todos os municípios que aderiram ao programa.
Em breve divulgaremos o local.

Via Fanzine: O que significa “Avohai”?

Zé Ramalho: Quando eu fiz esta música eu criei esta palavra. Ela significa avô e pai. É uma espécie de homenagem ao meu avô, que foi a pessoa que me criou. Ele fazia o papel de avô e de pai. Meu pai morreu muito jovem, nos açudes do sertão, morreu afogado quando eu era garotinho. Então foi meu avô que me educou, foi quem me ensinou a seguir o caminho do bem, a batalhar minhas coisas. Eu me inspirei na imagem dele. E me chegou a palavra [avohai]... Ao mesmo tempo ela é interpretada pelas pessoas que a ouvem das mais diversas formas. É uma coisa muito mística também, representa a continuidade da espécie, ou seja, passar a sabedoria de uma geração para a outra... O avô passa para o pai, que passa para o filho e aí por diante...


Diretoria Regional de Educação – Direc 7
Diretora Prof. Miralva Moitinho
TOPA- Todos pela alfabetização
Supervisor Professor Noel Costa dos Santos

                                                     Contatos
      (73)3215-2577/ Ramal 236                                                   (73)9968-7858
        topadirec7@gmail.com                                                  novoleon@yahoo.com.br 

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

O professor que virou notícia: 90 anos de Paulo Freire

                                                                                                                         
Se tivesse ainda entre nós, freire estaria comemorando hoje os seus 90 anos. Mas como diz meu compadre Antônio Eduardo, do Roçado Grande, de Barro Preto - Ba,”a gente só morre quando a última pessoa que gosta da gente morrer, deixar de se lembrar de nós”. Logo, Paulo está vivíssimo no coração e na mente daqueles que tiveram oportunidade de conviver com ele (nosso caso), bem como na vida daqueles que estão dando continuidade aos seus ideais. Ainda nos anos 60, professora Vera Barreto convidou Paulo Freire par ir a São Paulo falar sobre a experiência de alfabetização que ele estava desenvolvendo. Enquanto ela o esperava no aeroporto, apareceu um jornalista amigo dela. Vera então sugeriu ao amigo: “Aproveite e faça uma entrevista com um professor pernambucano que está desenvolvendo um método revolucionário na alfabetização de adultos. O amigo lhe respondeu:” Vera, quando é que professor vai ser notícia neste país?! Felizmente, esse jornalista errou feio! Mesmo tendo viajado fora do combinado, como brinca mestre Bodrin, ele foi e continua sendo notícia no mundo inteiro.
Penso que nessa virada de milênio quando se fala em “Fim da História”, em “Política como arte do possível”, em "Propostas pragmáticas”, em “Pensamento único”,em “Silêncio dos intelectuais”, em “Fim das utopias”; quando na educação vivenciamos os  “ pacotes pedagógicos”, os  Cursos de educação 100% a distância”, precisamos, mas do que nunca, nos voltarmos, seriamente, não para a decoreba de algumas frases de Paulo, mas para um estudo sério da sua obra. Esta é a condição para que uma universidade brasileira possa dizer  que está desenvolvendo um curso de licenciatura sério, pois o pensamento de Paulo Freire continua como um dos mais rigorosos sobre a realidade brasileira e um dos maiores faróis para a humanização do ser humano nesse novo milênio, como atesta  grandes educadores brasileiros e estrangeiros, como o seu conterrâneo, professor João Francisco de Souza, na sua belíssima obra  a Atualidade do Pensamento de Paulo Freire.
São muitas as lições que devemos resgatar do mestre pernambucano no caminho da humanização do ser humano, da democracia... Mas como o momento é de celebração, serei breve, destacando apenas uma : “Temos que ter muito cuidado para não humanizar as coisas e coisificar o ser humano.” Penso que em toda a sua obra a Pedagogia do Oprimido, Pedagogia da Pergunta, Pedagogia do Conflito, Pedagogia da Esperança, Pedagogia da autonomia, Pedagogia da indignação soma esforços para superar os processos, “as manhas” da coisificação do ser humano, por isso devem ser lidas e relidas com muita acuidade, com muita ética, com muito compromisso.
Talvez, se levarmos a sério essa leitura, se nos apropriarmos desse referencial humanista, não veremos mais um sonhador do povo passar para o outro plano com essa dor em sua alma, com essa imagem dramática de coisificação do ser humano em sua retina:    
 Cinco adolescentes mataram hoje, barbaramente, um índio pataxó, que dormia tranqüilo, numa estação de ônibus, em Brasília. Disseram à policia que estavam brincando. Que coisa estranha. Brincando de matar. Tocaram fogo no corpo do índio como quem queima uma inutilidade. Um trapo imprestável. Para sua crueldade e seu gosto de morte, o índio não era um tu ou um ele. Era aquilo, aquela coisa ali. Uma espécie de sombra inferior do mundo. Inferior e incômoda, incômoda e ofensiva. (...) Que coisa estranha, brincar de matar índio, de matar gente. Fico a pensar aqui, mergulhado no abismo de uma profunda perplexidade, espantado diante da perversidade intolerável desses moços desgentificando-se, no ambiente em que decresceram em lugar de crescer.”
Noel Costa - Educador Popular – Supervisor do TOPA – Direc 7