Dicas pedagógicas

O Candomblé e a Espiritualidade no Terceiro Milênio
Algumas Características

1- Holismo
Por ser uma religião ecológica, o Candomblé visa ao equilíbrio do trinômio corpo, mente e espírito: a saúde física, o padrão de pensamento e o desenvolvimento espiritual de cada indivíduo.



2- Ecumenismo e Diálogo Interreligioso
Além de ter suas portas abertas a todo aquele que deseje vivenciar a espiritualidade de acordo com suas diretrizes, seja, por exemplo, nas festas públicas ou no jogo de búzios, ou ainda, por meio de iniciações (nos casos em que isso ocorre), o Candomblé mantém fortes laços dialógicos com as mais diversas tradições religiosas e/ou espirituais , algumas das quais o influenciaram bastante em vários aspectos, dentre eles a ritualística. Enquanto a maioria das casas convive com o sincretismo com o Catolicismo, outros buscam reforçar a identidade própria, evitando mesmo a utilização de imagem católicas em seus cultos, o que não representa necessariamente negação do Ecumenismo e do Diálogo Inter-religioso. O Candomblé não é proselitista.


3- Valorização da vivência/ experiência pessoal
Embora tenha uma teologia própria e, em virtude do forte sincretismo, por vezes ainda vivencie pontos doutrinários de outras tradições religiosas e/ou espiritualistas, o Candomblé valoriza a experiência pessoal (concepção, opiniões, formas de vivenciar a espiritualidade, etc.), respeitando o livre pensamento e irmanando a todos em seus rituais, de modo a respeitar as diferenças, sem tratá-las ostensivamente como divergências.


4- Fé e cotidiano: a concretude da fé
Fortemente marcado pela ecologia, o Candomblé convida todos a vivenciar sua fé no cotidiano, cuidando do próprio corpo, do meio ambiente, vivenciando relações saudáveis etc. Exemplo: cultuar o Orixá Oxum é, ao mesmo tempo, um convite para se viver amorosamente o cotidiano, de forma compassiva, e utilizar os recursos hídricos de maneira consciente (escovar os dentes com a torneira fechada, não jogar lixo nas águas etc.). O xirê literalmente prossegue no cotidiano.


5- Fé e ciência: uma parceria inteligente
Allan Kardec, Dalai Lama e outros líderes fazem coro: se a Ciência desbancar algum ponto de fé, sem dúvida, a opção é ficar com a ciência. O Candomblé possui fundamentos próprios, de trabalhos religiosos, energéticos, magísticos; contudo, eles não devem confundir-se com superstição e obscurantismo. Por outro lado, sua Alta espiritualidade, muitas vezes ensinada de maneira analógica/simbólica, é cotidianamente explica pela ciência, na linguagem lógica/racional. A medicina das ervas, por exemplo, é complementar à do médico com formação universitária, vice-versa: ambas dialogam, não se excluem.

6- Simplicidade
A construção de templos, a realização de festas e outros devem visar à gratidão, ao entrelaçamento de ideais, ao conforto e ao bem-estar, e não à ostentação pseudorreligiosa, à vaidade dos médiuns e dos dirigentes espirituais.

7- Leitura e compreensão do simbólico
Para vivenciar a espiritualidade do Candomblé de maneira plena, é preciso distinguir  a letra e o espírito, no tocante, por exemplo, aos mitos e às lendas do Orixás, aos pontos cantados e riscados etc. Quando se desconsidera  esse aspecto, existe a tendência de se desvalorizar o diálogo ecumênico e inter-religioso, assim como a vivência pessoal da fé. O simbólico é um grande instrumento para a reforma íntima, o autoaperfeiçoamento, a evolução.


8- Cooperativismo
Numa comunidade, cada individualidade faz a diferença. Por essa razão, o cooperativismo não é vivenciado apenas em trabalhos que envolvam atividade física, mas também, por exemplo, na manutenção de padrão vibratório adequado ao ambiente e aos cuidados com a língua e a palavra, de modo a não prejudicar ninguém.
9- Liderança: autoridade não rima com autoritarismo
Num terreiro, todos são líderes, cada qual em sua área de atuação, do irmão mais novo na casa ao dirigente espiritual.
10- O exercício do livre-arbítrio
O Candomblé não ensina a entrega do poder pessoal, da consciência e do livre-arbítrio nas mãos dos Orixás ou dos dirigentes espirituais. A caminhada espiritual-evolutiva é única, pessoal e intransferível.
* Fonte: O Essencial do Candomblé, pg. 6 e 7, Autor: Ademir Barbosa Júnior
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MODERNIDADE ÉTICA: UM DESAFIO PARA VENCER A LÓGICA PERVERSA DA NOVA EXCLUSÃO

A questão pode ser enfrentada de vários modos. Prefiro situar um pouco o contexto de surgimento de um e outro tempo; assim, talvez, seja possível compreender a diferença de maneira mais substantiva, embora rápida
O termo exclusão social ganhou notoriedade, no final da década de 80, tanto entre nós quanto na Europa e nos EUA. No caso europeu, generalizou-se, e não sem resistência, a partir da literatura francesa e por intermédio das Comissões de Estudos da hoje União Européia, com sede em Bruxelas. Particularmente os ingleses resistiram ai termo pelas conotações político-ideológicas de que o mesmo se encontra revestido. Afinal, a tradição colonial inglesa demarca espaços claramente distintos para os diversos grupos étnicos, ao contrário da experiência francesa, assentada na assimilação
Porém, mesmo na França, o termo exclusão social progrediu apenas lentamente. Nos tempos recentes, o termo surge com a obra de Leonir (Les exclus) em meados dos anos 70. Cinco anos depois, no entanto, o termo preferido pelos cientistas sociais era o de “novos pobres”. Apenas no final  da década pretérita é que o termo exclusão retorna; agora, porém,  com um conteúdo distinto do utilizado por Leonir. No trabalho desde autor, os excluídos sãos os deserdados temporários do progresso. Na realidade, são simples personagens residuais. Os excluídos, na terminologia dos anos 90, não são residuais nem temporários, mas contingentes populacionais crescentes que não encontram espaço no mercado, vagueiam pela cidade sem emprego e muitos sem teto.
                Entre o dilema de os considerar como frutos de uma nova onda de inovação tecnológica, por isso mesmo essa massa de desempregados temporários ou massa de desempregados estruturais, a maior parte dos analistas prefere ficar com a segunda opção, como Adman Schaff.
                No campo internacional, a passagem do predomínio do termo pobreza para exclusão significou, em grande parte, o fim da ilusão de que as desigualdades sociais eram temporárias. Acreditávamos, nos anos 60, que as diferenças sociais entre países ricos e pobres, entre grupos sociais pobres e ricos, tenderiam a diminuir e, com o tempo, praticamente desaparecer. Claro que os defensores mais empedernidos dessas ideologias – os socialistas – acreditavam que isso era apenas possível pelo socialismo real. Mas eles sempre foram pouco numerosos, com rara exceção. Afinal, enquanto os países ricos cresciam a taxas em torno de 1% a 2%, os países em desenvolvimento, como o Brasil, cresciam a taxas superiores a 7%.
A exclusão emerge, assim, no campo internacional, como um sinal de que as tendências do desenvolvimento econômico se inverteram. Agora – e significativamente –, no mesmo momento em que o neoliberalismo se torna vitorioso por toda parte, as desigualdades aumentaram e parecem permanecer.
Similarmente, no Brasil, entre os anos 70 e 90, houve um deslocamento dos termos predominantemente utilizados pelos cientistas sociais para denominar os fenômenos das iniqüidades sociais. Este surgia, em meados dos anos 70, sob a forma da contradição entre o crescimento econômico do país e o aumento da concentração de renda, ou seja, da desigualdade social. Paradoxalmente, o país enriquecia-se os bolsões de pobreza diminuíam, mas as desigualdades aumentavam. Para os políticos mais cínicos, era necessário que o povo esperasse o bolo crescer para então ser dividido.                
Nos anos 80, o fenômeno emergia predominantemente, sob a denominação de pobreza. Os bolsões de pobreza pareciam parar de diminuir e mesmo de crescer. Pelo menos a visibilidade era maior, pois ela se transformava de rural em urbana e desta em metropolitana. Os pobres estavam em nossas portas e de forma crescente. Parecia não parar, vindos ninguém sabe bem de onde.
                O termo exclusão social surge entre meados e finais dos anos 80, sobretudo nos trabalhos de Hélio, Jaguaribe, mas também na imprensa e nos debates acadêmicos.
                Um pouco à semelhança do que ocorre no plano internacional, no Brasil, o predomínio do termo exclusão social sinalizou a inflexão de uma era: fim da era do progresso, associada, portanto, à crise que conhecemos de forma intermitente, desde 1981.
                A década de 80 foi marcada, não pelo aumento da pobreza, mas pela paralisia do processo de ascensão social. Desde o final da Segunda Guerra, para ficarmos no período mais próximo, o Brasil conheceu índices de crescimento econômico em torno de 7,5% ao ano. Durante este período, ocorreu um relativo processo de eliminação dos bolsões de pobreza absoluta: o “camponês” migrava para as favelas e, aos poucos, saía do estado de miséria, embora conservado em estado de pobreza. Na década passada, as chances de “melhoria” para os mais pobres extinguiu-se. Em parte, a violência urbana, que cresceu durante o período, alimentou-se desse fenômeno. Sem ter condições de melhoria a partir de seu próprio trabalho, e com dificuldades crescentes de conseguir emprego ou renda, trabalhadores pobres, particularmente jovens, preferiam a transgressão da lei, única forma de modificar seu status social.
Foi nesse quadro que surgiu o termo apartação social. Trata-se de um termo proposto por Cristóvam Buarque – e já consagrado em livro: O que é apartação? – para denominar o fenômeno que normalmente prefiro chamar de nova exclusão social. O ex-reitor da UnB quis sinalizar o caráter específico, no seu entender, da nova exclusão social, que consiste na nomeação do outro como não-semelhante, pois, afinal, apartar é um termo utilizado para separar o gado. Apartação seria, assim, o fenômeno de separar o outro não mais considerado como humano. Ou seja, a exclusão social torna-se apartação quando o outro não é apenas desigual ou diferente, mas quando o outro é considerado como “não-semelhante”, um ser expulso, não dos meios modernos de consumo, mas de gênero humano.
                Essa tendência é assinada por Buarque como um risco inerente ao nosso desenvolvimento atual, em que a inovação técnica não cria emprego nem abundância, mas desemprego e fome. E cujos sinais mais evidentes morticínios que assistimos vez por outra em nossas grandes cidades, assim como as declarações de tentar exilar o brasileiro pobre em sua própria pátria tornando-o “instrangeiro”. A apartação é o fruto necessário da modernidade técnica, a modernidade preocupada exclusivamente com o desenvolvimento tecnológico, sem se perguntar para que fins.
Conclusão: a distinção diz respeito à denominação de um fenômeno específico relacionado com a crescente desigualdade social que conhecemos no mundo e no interior dos países, mesmo os desenvolvidos. Eu diria que a apartação é uma forma específica de exclusão, a mais racial. É uma forma contundente da expressão de intolerância social, assim como a discriminação é uma outra forma, sem dúvida, perversa socialmente, porém mais amena. Em torno do conceito de apartação, cuja presença e factibilidade são objetos de discussão, existe um certo charme, pela própria expressão nacional que ganhou seu autor. No entanto, muitos se perguntaram se de fato vivemos hoje uma situação de apartação ou se caminhamos efetivamente para uma situação dessa natureza.
ELIMAR PINHEIRO NASCIMENTO – Sociólogo, professor da Universidade de Brasília e assessor do governador do Distrito Federal, Cristóvam Buarque.

* Fonte: 

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CASTRO ALVES
Comprometido com as lutas de seu tempo

Conhecido como “o poeta dos escravos”, ele escreveu algumas das mais belas poesias românticas de sua época e destacou-se como audaz defensor da abolição e do respeito aos direitos humanos.

Os ideais de justiça, liberdade, humanidade e progresso floresceram no Brasil na segunda metade do século XIX. Jovens intelectuais, utópicos e românticos, defendiam doutrinas progressistas e pregavam a revolução social. Nesse cenário propício, Antônio de Castro Alves – nascido em 14 de março de 1847, na Fazenda Cabaceiras, no município baiano de Curralinho (hoje, Castro Alves) –, poeta mestiço comprometido com as lutas de seu tempo, fez seus primeiros versos. Em maio de 1863, aos 16 anos, publicou a poesia abolicionista A Canção do Africano, no jornal acadêmico A Primavera. Um ano depois, ingressou na faculdade de direito de Recife. Mas suas idéias revolucionárias renderam-lhe reprovações na vida acadêmica. Foi criticado por alguns professores ao recitar o poema O Século, em uma solenidade da escola. Os versos soaram como uma provocação ao clero:
“Moços, creiamos, não tarda a autora da redenção
Quebre-se o cetro do papa
Faça-se dele uma cruz!
A púrpura sirva ao povo, p’ra cobrir ombros nus”
Nessa época, Castro Alves redigiu o jornal O Futuro, no qual passou a defender com veemência idéias progressistas. E, ao confirmar que estava com tuberculose, publicou o melancólico poema Mocidade e Morte.
As críticas dos conservadores e a doença não o intimidaram. Tanto que em agosto de 1865, começou a escrever Os Escravos, uma antologia que revela toda a crueldade da escravidão. Poemas como Bandido Negro, O Navio Negreiro, Saudação a Palmares, Vozes d’África e Lúcia mostraram a dor e o sofrimento dos negros e mestiços e se transformaram em símbolos da abolição. Em Saudação a Palmares, o poeta homenageou os guerreiros do Quilombo. “Salve! Região dos valentes/ onde os ecos estridentes mandam aos plainos trementes os gritos do caçador.” Lúcia, que narra a tragédia de uma moça “quase branca” vendida pelos senhores que a tinham criado como filha, comoveu a sociedade na época. Em 1866, com a ajuda dos amigos intelectuais Ruy Barbosa, Plínio Lima e Regueira Costa, Castro Alves fundou uma sociedade abolicionista, no Recife. Na mesma época, publicou outro jornal de idéias políticas, A Luz.
Nesse período, o jovem poeta não abraçou apenas a luta pelo fim da escravidão, mas transformou-se em audaz defensor dos direitos humanos e das liberdades individuais. Em 18 de dezembro de 1866, protestou contra a polícia por ter dispersado violentamente em encontro republicano. No meio da confusão, recitou versos de improviso: “A praça!/ A praça é do povo/ como céu é do condor”. Essas rimas apareceram mais tarde nas páginas do jornal O Tribuno, sem assinatura. Quatro meses depois, discursou e recitou versos inflamados da janela de um casarão de Recife. Bradou contra o espancamento do estudante Tôrres Portugal e apoiou a multidão revoltada contra as arbitrariedades da polícia. Em meio à agitação política da época, conheceu o grande amor de sua vida: a atriz portuguesa Eugênia Câmara, maior estrela da Companhia Dramática de Coimbra. Eugênia despertou-lhe o interesse pelo teatro e o poeta decidiu escrever um drama.

Refúgio amoroso

Castro Alves refugiou-se com sua amada em uma casa de campo, num povoado perto do recife, para escrever O Gonzaga, drama que mais tarde seria aclamado pelo público em Salvador, no Rio de Janeiro e em são Paulo. Paralelamente, produziu suas melhores poesias líricas, todas em homenagem à musa que lhe conquistou o coração. Em setembro de 1867, O Gonzaga estréia no Conservatório Dramático da Bahia, em Salvador. Ao final do espetáculo, Castro Alves foi carregado pela platéia entusiasmada, e a atriz Eugênia Câmara recebeu calorosas homenagens ao público. O drama do jovem idealista também fez sucesso em duas representações no mês seguinte. Depois da temporada, os amantes partiram para o Rio de Janeiro. Queriam que a peça fosse aplaudida por jovens e intelectuais cariocas.
Na Corte, com uma carta de recomendação de Fernandes Cunha, Castro Alves procurou José de Alencar e mostrou-lhe O Gonzaga. O mestre da literatura romântica reconheceu o talento do jovem poeta e o apresentou a Machado de Assis. A aprovação dos maiores escritores brasileiros da época era tudo que ele precisava. Em 1º de março de 1868, recitou sua obra nos salões do jornal Diário do Rio de Janeiro, para uma platéia de escritores e letrados. Foi aplaudido com fervor. Um mês depois, viajou com Eugênia para São Paulo. Na capital, apresentou seu drama em um sarau literário, promovido pelo Arquivo Jurídico, no Salão da Concórdia, e novamente foi aclamado pelo público. Nesse período, preferia viajar pelo Brasil, mostrando seu trabalho e defendendo idéias abolicionistas, a freqüentar a faculdade. Se podia escrever Vozes d’África, não perdia tempo estudando direito civil ou criminal.
No fim da temporada em São Paulo, o coração romântico de Castro Alves estava em frangalhos. Eugênia Câmara o abandonara, depois de sucessivas brigas e crises de ciúme. Deprimido, ele não lia, não escrevia e fumava descontroladamente. Em 1º de novembro de 1868, sofreu um acidente que o obrigou a amputar a perna esquerda. Sentiu a dor física e moral da mutilação. Para definir seu estado de ânimo, escreveu: “Tenho por c’roa a palidez da morte/ Fêz-se um cadáver – o poeta ardente”.
Conseguiu separar a crise dois meses depois, voltando a andar apoiando em muletas. Disfarçou a deficiência com uma prótese de madeira. A pedido da família, retornou a Salvador em novembro de 1869. No ano seguinte, partiu para o sertão baiano em busca de ar puro para curar os pulmões. Na Fazenda Santa Izabel, em Rosário do Orobó (a alguns quilômetros de Itaberaba), conclui o segundo livro, Cachoeira de Paulo Afonso. Voltou à capital em setembro de 1870 e lançou Espumas Flutuantes, seu único livro publicado em vida. A doença não lhe tirou a paixão pelas mulheres, ficou encantado com a beleza da cantora italiana Agnèse Trinci Mucci, que lhe inspirou muitas poesias. Mas a musa não correspondeu ao amor do poeta. Cinco meses depois, fez a última declamação em público, no Meeting do Comité Du Pain, em Salvador, para ajudar as crianças vítimas da guerra francoprussiana. O “poeta dos escravos”, que fez da arte uma bandeira pela liberdade e justiça social, morreu às 15h30, no dia 6 de julho de 1871, no Palacete do Sodré, em Salvador.
* Fonte: Revista Raça Brasil, Ed. 11, Julho 1997.

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O HOMEM QUE MUDOU A COR DO CINEMA

SPIKE LEE – Considerado um dos maiores ícones culturais da América negra, o cineasta revolucionou a indústria cinematográfica, provando que filmes sobre o universo negro podem ter qualidade e ser altamente lucrativos

RAÇA – Porque você tem atritos com a imprensa americana?
LEE – No início de minha carreira, muitos jornalistas me chamaram de racista. “Por que você só trabalha com personagens negros em suas histórias?”. O curioso é que nunca fizeram esse tipo de pergunta a diretores brancos. Em alguns filmes de Martin Scorsese, por exemplo, que aliás admiro muito, você ouve “nigger isso” ou “nigger aquilo” (nigger é um dos termos mais ofensivos para o negro americano) na boca dos atores e nem por isso ele foi acusado de racismo. Quando estreou meu terceiro longa, Faça a Coisa Certa, alguns críticos escreveram dizendo que a população deveria preparar-se para enfrentar rebeliões na cidade. Eles não entenderam por que Smookie (personagem vivido por Spike no filme) atira uma lata de lixo na vitrine da pizzaria depois que seu amigo é morto por um policial branco.

RAÇA – E quanto à sua exigência de ser entrevistado apenas por jornalistas negros na época de lançamento do filme Malcolm X?
LEE – Não sou contra jornalistas ou pessoas da raça branca. Só queria chamar a atenção para o fato de que jornalistas negros estão pouco representados nas redações de jornais e revistas dos EUA.

RAÇA – Você tornou-se uma espécie de porta-voz da comunidade negra americana. Qual o papel de um diretor para levantar a condição de um povo menos privilegiado usando seus filmes?
LEE – Tentaram me empurrar esse papel, mas nunca me considerei o representante dos 35 milhões de afro-americanos que vivem neste país. Quando expressava uma opinião, falava apenas em meu nome. Não acredito que filme algum tenha a capacidade de melhorar a condição de uma comunidade. Mas tento colocar um espelho diante da sociedade e refleti-las aos dos espectadores. Isso traz uma certa responsabilidade.

RAÇA – Quando veio ao Brasil, o que achou do governo se recusar a deixar filmar as favelas do Rio de Janeiro para o vídeo de Michael Jackson?
LEE – Quem quer que tenha achado que faríamos uma viagem longa como aquela para explorar de forma negativa a imagem das favelas, não poderia ter errado mais. Nos disseram que, ao mostrá-las, o país perderia suas chances de sediar as Olimpíadas. Foi um incidente extremamente infeliz. Mas, assim que chegamos lá, foram momentos inesquecíveis. Fiquei surpreso e ao mesmo tempo feliz com a recepção que tivemos. Já fiz dez longas-metragens, comerciais de TV e vídeos musicais, mas sem dúvida as filmagens com Michael e o grupo Olodum no Rio e em Salvador foram um dos pontos mais altos da minha carreira.

RAÇA – Qual foi sua impressão sobre a situação do negro no Brasil?
LEE – Todos tentam passar uma imagem de que são um povo só, unido, mas não acho que seja verdade. É fácil constatar que os negros estão no fundo da sociedade, enquanto as pessoas de ascendência européia se encontram no topo da pirâmide social. Há algo de errado aí.

RAÇA – Você encontrou similaridades ou diferenças entre a condição do negro no Brasil e nos EUA?
LEE – Os negros americanos possuem um padrão de vida muito melhor do que o da população negra brasileira. Por outro lado, essa viagem mostrou que pessoas de pele escura vivenciam uma realidade dura no mundo inteiro.

RAÇA – E a questão do racismo no Brasil?
LEE – Eu diria que o problema está presente, mas os brasileiros agem como se não existisse. Só que estão enganando a si mesmos.

RAÇA – Talvez você tenha tido essa impressão porque no Brasil o racismo não é tão forte como nos EUA. Há muito preconceito, mas o sentimento de rejeição contra os negros não é tão arraigado quanto na América.
LEE – Eu sei, mas como é que a maioria da classe pobre no Brasil é negra e a maior parte das  classes médias e alta é branca? Puro acidente?

RAÇA – Não, trata-se de um dos legados da escravidão.
LEE – Mas há quanto tempo isso se deu? Alguma coisa deve estar acontecendo para que a situação permaneça a mesma...

RAÇA – O que você acha do padrão europeu sendo imposto na mídia como modelo ideal de beleza em todo o mundo?
LEE – É especialmente prejudicial. Se você é bombardeado o tempo todo com imagens dizendo que ser belo é ter olhos azuis e cabelos loiros e você não corresponde a essa imagem, fica difícil crescer gostando de si mesmo. Durante toda minha vida, ouvi que, quanto mais escuro, menos atraente o indivíduo é. As pessoas passam a acreditar que crespos, lábios grossos e nariz largo são feios, o que é algo terrível para um povo.

RAÇA – Como foi sua experiência pessoal em relação a esse assunto?
LEE – Não adquiri esse tipo de mentalidade porque meus pais ensinaram a mim e a meus irmãos a amar o que somos e a ter orgulho de nossas raízes.


* Fonte: Revista Raça Brasil, Ed. 11, Julho 1997.

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A PRIMEIRA PEGADA

Quando Oluron, o Deus Supremo, decidiu criar a terra, chamou Obatalá, o orixá do branco, e entregou-lhe o saco da existência, dizendo-lhe com deveria proceder. Obatalá reuniu todos os outros orixás e saiu para realizar sua missão. Odua, a grande mãe ancestral, no entanto, disse que só a acompanharia depois de realizar suas obrigações rituais. No caminho, Obatalá encontrou-se com Exu e este perguntou-lhe se já tinha feito as oferendas propiciatórias. Obatalá respondeu-lhe que não tinha feito nada e continuou o caminho.
No caminho, Obatalá começou a ter sede. Passou perto de um rio, mas decidiu seguir em frente. Passou por uma aldeia, mas também não parou. Continuou caminhando até que sua sede se tornou insuportável. Nesse momento ele viu uma palmeira e fincou seu cajado ritual no tronco da árvore, de onde saiu vinho de palmeira. Obatalá bebeu até que suas forças o abandonaram, ficando desanimado n meio do caminho.
Nesse meio tempo, Odua, que ficou para trás, foi consultar Ifá e fez as devidas oferendas. Seguindo os conselhos dos adivinhos, ela trouxe cinco galinhas, das que têm cinco dedos em cada pata, cinco pombos, um camaleão, uma corrente com dois mil elos e todos os outros elementos que acompanham o sacrifício. Exu apanhou as oferendas, arrancou uma pena da cabeça de cada ave, devolveu a ela as aves e o camaleão vivos; e a corrente de dois mil elos. Em seguida, Odua fez um sacrifício, aos pés de Olorun, de duzentos igbins.
Nesse momento, Olorun percebeu que não havia colocado no saco da existência, entregue a Obtalá, um pequeno saco contendo a terra. Ele entregou então a terra a Odua para que ela a levasse a Obatalá.
No caminho, Odua encontrou Obatalá desmaiado ao pé da palmeira.  Ele apanhou então o saco da existência e voltou para entregá-lo novamente a Olorun. Nesse instante o grande Deus Supremo deciciu confiar a Odua a tarefa de criação da terra.
Odua reuniu todos os orixás e explicou-lhes o que Olorun havia decidido. Eles dirigiram-se para o lugar escolhido para a criação da terra. Ao chegarem, eles colocaram a corrente e por ela Odua deslizou até o lugar exato onde deveria colocar a terra, por cima das águas. Ela jogou a terra e, em seguida, enviou Eyelé, a pomba para que pudesse espalha - lá.
A pomba era pequena e demorou muito para realizar a sua tarefa. Assim, Odua soltou, sob a terra espalhada por Eyelé, as cinco galinhas de cinco dedos em cada pata. Elas rapidamente espalharam a terra em todas as direções, formando a superfície sobre as águas até onde a vista alcança.
Odua precisava saber se a terra criada estava firme. Ela soltou então o camaleão, que com sua prudência colocava uma perna uma pata de cada vez e apalpava a terra até ter segurança para caminhar. Depois que o camaleão caminhou por todos os lados Odua entrou. Ela foi o primeiro ser a pisar na terra, deixando marcada a sua pegada.
* Fonte: Almanaque do Aluá, nº 2, pg. 43
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ENTREVISTA COM O JURISTA CARLOS AYRES DE FREITAS BRITO 
SOBRE A QUESTÃO RACIAL

* Um estudo recente mostrou que, em processo de roubo qualificado, 30% dos brancos respondiam em liberdade, enquanto dos negros somente 15%. Em relação à absolvição, 27% dos negros eram absolvidos, enquanto que os brancos absolvidos eram 60%. Os negros podem usar exatamente os mesmos direitos que um branco e ainda assim o resultado não é igual. O que pensa disso?

R. Então, a própria Justiça é preconceituosa. É assustador saber disso, pois mesmo no âmbito do Judiciário esses dados mostram que temos a prática do racismo.

* Em relação às cotas nas universidades, o senhor é a favor?

R. Eu sou, estrategicamente, pro tempore.

* Mas existem muitos juristas que dizem que as cotas nas universidades agridem a Constituição.

R. Penso que o sistema constitucional brasileiro possibilita a adoção desse instrumento. O sistema de cotas é um mecanismo das chamadas políticas públicas afirmativas. O artigo 3° da Constituição, ao falar dos seus objetivos fundamentais, anuncia a concretização da ação, a prática.  Assim o faz quando afirma que é preciso construir uma sociedade livre, justa e solidária. Construir uma postura de ação, e não omissa, de passividade; erradicar a pobreza; diminuir as desigualdades sociais; dar oportunidades de atuação social a quem se vê historicamente privado desse espaço de atuação: os negros, as mulheres, os índios, as minorais historicamente excluídas.

* Mas o senhor não acha que o governo deveria atacar a causa e não a conseqüência?

R. A política de cotas não é substitutiva da política pública estrutural. Ela é uma política supletiva ou compensatória. Enquanto a política estrutural não produz os seus efeitos, você tem que compensar aqueles que não têm oportunidades de atuação na sociedade. Nos Estados Unidos as cotas raciais são aplicadas pelo governo desde os anos 70.  E com o tempo, por efeito das cotas raciais, você vai inserir os negros no mercado de trabalho superior e, pedagogicamente, no imaginário da população. Assim, não se associará o negro ao pobre, ao ignorante, ao desqualificado. Isso porque eles começariam a se formar, a tirar diplomas, a exercer profissão de nível universitário. E passariam, assim, a fazer parte de um cotidiano em igualdade de condições com os brancos. Então aos poucos você vai tirando do imaginário da população essa idéia pré-concebida de que “negro é sinônimo de trabalho inferior, cidadão de segunda categoria”.

* Durante muito tempo o mundo avançou no ideário de liberdade e igualdade, porém a fraternidade ficou esquecida. O que o senhor pode nos dizer sobre isso?

R. No meu último livro (Teoria da Constituição, Editora Forense), falo da fraternidade como ponto de encontro entre a liberdade e a igualdade; como ponto de evolução constitucional, assim como o amor é o pináculo da evolução espiritual. A liberdade é uma visão unilateral do indivíduo; a igualdade é uma visão unilateral da realidade política. Ambas são válidas como as asas de um pássaro. É necessário colocar as duas asas do pássaro a serviço de uma única causa, que é o vôo. A fraternidade é o ponto de equilíbrio entre a liberdade e a igualdade. A liberdade e a igualdade vão se interpenetrando até exacerbar esse conceito, ainda mais abrangente e unificador que os outros dois, que é a fraternidade. A fraternidade é essa compreensão de que tudo é “um”, todos fazem parte de uma mesma realidade. O que diz respeito ao todo diz respeito também às partes. Fraternidade é isso: você vê alguém comendo lixo, você se afeta, fica incomodado com isso, se sente mal, entendendo assim que a minúscula parte afeta o todo. Isso é fraternidade.   

*Fonte: Revista Cidade Nova, nº 9 – setembro de 2003

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LINGUAGEM E VIDA

As etnias trazidas do Brasil, provenientes de diferentes regiões de África, com diversas línguas e culturas são:
·         os nagô – provenientes do antigo Daomé, atual Benin, de língua jeje.
·         os banto – provenientes de vários países – Angola, Congo, Moçambique, Zimbábue, etc. – de língua banta.
O Português falado no Brasil conta com a contribuição das culturas bantas, principalmente de suas línguas, entre elas o Quicongo, o Umbundo e o Quimbundo. Os termos de origem nagô estão mais restritos às práticas e utensílios ligados à tradição dos orixás, como a música, a descrição dos trajes e a culinária afro-baiana.
Segundo Nei Lopes, no seu Dicionário Banto do Brasil (1996), para se constatar palavras de origem banta em nossa língua, basta buscar as seguintes características:

Presença de sílabas inicias com Ba, Ca, Cu, Fu, Ma, Mo, Um, Qui, etc.
Exemplos: caçula – candango – cachimbo
                     curinga – cuca
                     fubá – fuleiro – fulo
                     macumba – maxixe – magé – mala – mafuá
                     quitanda – quizila – quitute – quilombo – quiabo

Presença, no interior dos vocábulos, dos grupos consonantais Mb, Nd, Ng, etc.
Exemplos: banda – samba – mambo – lambada
                     bunda – umbanda – dendê – macumba – quengo
                     camundongo – ginga – tanga – sunga

Presença de terminações como Aça, Ila, Ita, Ixe, Ute, Uca, etc.
Exemplos: macaca – quizila – catita – maxixe
                     bazuca – muvuca

Procure localizar num mapa da África, de onde vieram as línguas bantas e onde viveram os jeje e os nagô, bem como localize no dicionário as palavras que tenham indicação de Bras. – abreviatura de brasileirismo que são, em sua maioria, de origem banta.
Em muitas partes da África, a Arte é inseparável da vida por sua associação com o sagrado. Os mitos da criação contam que um criador criou as pessoas e depois colocou alma nelas, o que se revela pela palavra. Desta forma, a palavra negro-africana tem um sentido abrangente: faz história, sendo elemento constitutivo da identidade profunda da comunidade, sendo uma arte.

* Superando o racismo na escola. 3ª edição / Kabengele Munanga, organizador. – [Brasília]: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Fundamental. 2001


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As sobrevidas do Estatuto da Igualdade Racial


Pouco lembrado, o Estatuto da Igualdade Racial completou um ano de existência. Matéria das mais polêmicas, o texto tramitou pelo Congresso por uma década, sobreviveu a dois governos, provocou amplos debates na Câmara, Senado e sociedade brasileira, afinal, era o primeiro documento pós-Lei Áurea tratando diretamente de direitos e reparação para descendentes dos escravizados que, durante 380 anos, deram suas vidas na construção das riquezas dessa nação.
Nesse tempo, o estatuto teve três sobrevidas: a primeira quando setores conservadores do Congresso, comungados com áreas ruralistas que temiam pela regulamentação de terras quilombolas, obtiveram apoio de setores midiáticos tementes dos avanços que as cotas poderiam trazer para negros, sobretudo, na televisão e publicidade. Como previa o texto original, se aliaram também a setores da educação que, por sua vez, temiam perda de espaço para negros no mundo acadêmico, até prejuízos financeiros, pois, a realidade mostra que o negro é parcela expressiva dos estudantes de universidades privadas no país. Nesse contexto, cotas em universidades públicas, poderiam também causar algum prejuízo para essa área da educação. Diante da ameaça, a união maléfica desses setores foi estratégica e quase abortou o projeto no período que ele tramitava na Câmara, a ponto do autor, o senador Paulo Paim declarar em entrevista exclusiva à RAÇA BRASIL: "As elites deste país não querem a ascensão da comunidade negra brasileira, por isso, estão unidas contra o estatuto da igualdade racial."
A segunda agoniação do estatuto aconteceu às vésperas de sua aprovação, pois, se não bastasse intensa pressão dessas elites, o não consenso entre os diversos movimentos negros à cerca das mudanças realizadas no texto original quase culminou com o fim do estatuto.

"TEM LEI QUE PEGA E TEM LEI QUE NÃO PEGA... É COMO SE AQUELES QUE NÃO O MATARAM ANTES DO SEU NASCIMENTO TENTASSEM FAZÊ‑ LO AGORA COM O SILÊNCIO, A INVISIBILIDADE E O DESCRÉDITO..."

Hoje, independentemente das modificações negociadas para que pudesse ser aprovado, o estatuto sobrevive e passa pelo terceiro e mais difícil teste, que é a implementação de todas as diretrizes nele apontado. Muitas dependem da regulamentação no Congresso que tanto o rejeitou. Passa também pela mais difícil prova em que uma lei é submetida no país, o famoso "tem lei que pega e tem lei que não pega" e, nesse quesito, tem recebido seus mais fortes golpes, que são o silêncio e o descrédito. É só comparar o alarde realizado nos festejos do primeiro ano de vigência do Estatuto da Criança e do Adolescente e no silêncio e na invisibilidade no qual o Estatuto da Igualdade Racial recebeu em seu primeiro aniversário. É como se aqueles que não o mataram antes do seu nascimento tentassem fazê-lo agora com o silêncio, a invisibilidade e o descrédito.
Cabe à sociedade civil uma ampla aliança com setores progressistas do Congresso e os operadores de Direito no Brasil para que os avanços descritos na lei se tornem realidade num país onde os índices de desigualdade entre negros e brancos são dos mais alarmantes do planeta em áreas como saúde, (onde a expectativa de vida de negro é menor que a de um branco), educação (onde não alcançamos nem 20% dos bancos escolares nas universidades), emprego (onde recebemos, em média, a metade do salário de um trabalhador branco), segurança pública (onde, para cada quatro mortes de jovens, três são de negros). A efetivação de algumas normas estabelecidas no Estatuto da Igualdade Racial será uma ferramenta fundamental e indispensável para o enfrentamento desses e de outros graves problemas que os afrodescedentes ainda sofrem, 123 anos após a pseuda libertação dos escravos.

*Maurício Pestana é presidente do Conselho Editorial da RAÇA BRASIL - pestana.raca@escala.com.br
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MODELO DA TABELA DO CALENDÁRIO DE AULAS 2011


Topa – Todos Pela Alfabetização Direc 7

Cidade: Céu Azul         Professora: Maria        Coordenador: Guadalupe        Entidade: CAPOREC     

Data de início: 04/04/2011             Data final: 07/12/2011

                      Colocar os dias trabalhados (datas) em cada semana e a carga horária
Mês
1ª semana
C/ H
2ª semana
C/H
3ª semana
C/H
4ª semana
C/H
5ª semana
C/H
C/ H
mensal
Fevereiro
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Março
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......
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........
..........
........
.........
Abril
04 a 07
10
11 a 14
10
18 a 20
7,5
25 a 28
10
..........
.......
37,5
Maio
02 a 05
10
09 a 12
10
16 a 19
10
23 a 26
10
30 a 31
05
45
Junho
01 a 02
05
06 a 09
10
13 a 17
12,5
.............
......
..........
......
27,5
Julho
04 a 07
10
11 a 14
10
18 a 21
10
25 a 28
10
...........
......
40
Agosto
01 a 04
10
08 a 11
10
15 a 18
10
22 a 25
10
29 a 31
7,5
47,5
Setembro
01
2,5
05 a 06
05
12 a 15
10
19 a 22
10
26 a 29
10
37,5
Outubro
03 a 06
10
10 a 11
05
17 a 20
10
24 a 27
10
..........
......
35
Novembro
01 e 03
05
07 a 10
10
14,16 e 17
7,5
21 a 24
10
28 a 30
7,5
40
Dezembro
01
2,5
05 a 07
7,5
..............
.......
.............
......
..........
......
10











C/ H
Geral
Total
26 Dias
65
31 Dias
77,5
31 Dias
77,5
28 Dias
70
12 Dias
30
320
Obs . : Todos devem usar esse modelo. A data que deve ser tomada como de encerramento geral é a da última professora que vai terminar. Logo, a festa de encerramento de cada município deve ser marcada para depois da última  turma a concluir. Isso quer dizer que todos devem cumprir as 320h e que o encerramento individual não significa o encerramento da entidade, que só ocorrerá com a conclusão da última turma. Sendo bem claro: o professor que fizer um encerramento individual não está desobrigado de participar, com sua turma, do encerramento geral, que é o que será realmente considerado.
 Cada entidade, deverá enviar esse mapa de cada professor, esse acima, e um sintético, indicando o encerramento geral, esta síntese abaixo.

Município:
Entidade:
Data de encerramento da entidade (festa):  
Coordenador:
Professor:
Data de início:
Data final




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Projeto Avôhai: refletindo sobre a condição do idoso
Noel Costa – Supervisor do topa




Via Fanzine: O que significa “Avohai”?


Zé Ramalho: Quando eu fiz esta música eu criei esta palavra. Ela significa avô e pai. É uma espécie de homenagem ao meu avô, que foi a pessoa que me criou. Ele fazia o papel de avô e de pai. Meu pai morreu muito jovem, nos açudes do sertão, morreu afogado quando eu era garotinho. Então foi meu avô que me educou, foi quem me ensinou a seguir o caminho do bem, a batalhar minhas coisas. Eu me inspirei na imagem dele. E me chegou a palavra [avohai]... Ao mesmo tempo ela é interpretada pelas pessoas que a ouvem das mais diversas formas. É uma coisa muito mística também, representa a continuidade da espécie, ou seja, passar a sabedoria de uma geração para a outra... O avô passa para o pai, que passa para o filho e aí por diante...


Pessoal, dia primeiro de outubro é comemorado o dia do idoso. Penso que está mais do que na hora de trabalharmos essa temática de forma coletiva, articulada, sistemática, já que a maior parte dos participantes do topa é idosa, além da presença, claro, do idoso na sociedade e dos problemas que eles enfrentam.
Queremos desenvolver o projeto com a finalização regional, isto é, vamos fazer a finalização unindo alunos, alfabetizadores e coordenadores de todas as cidades (representantes) num único local, numa única cidade. A idéia é a gente reunir além dos educadores e educandos, artistas, gente da Justiça, da Saúde, do INSS... num grande evento. Queremos levar simultaneamente para a esfera pública tanto o trabalho que o topa desenvolve, o que é o topa, quanto as mazelas pelas quais passam nossos idosos. Esse evento deve chamar/convocar atenção da imprensa local e, quem sabe, da estadual, vamos trabalhar para isso. Temos muitos artistas ligados ao pessoal do topa, vamos mobilizar esse pessoal: os irmãos Amorim, Jorge Axé e seu grupo teatral, Bosa, grupo de teatro de Pau-Brasil, a música gospel dos nossos parceiros evangélicos, etc. Essa temática sensibiliza muita gente...
Temos pouco tempo, por isso, precisamos que já no planejamento desta semana as coordenadoras já discutam o projeto com os alfabetizadores e na segunda-feira já nos encaminhem um projeto com suas sugestões.

O RETRATO DO IDOSO NO BRASIL

Os idosos são hoje 14,5 milhões de pessoas, 8,6% da população total do País, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base no Censo 2000. O instituto considera idosas as pessoas com 60 anos ou mais, mesmo limite de idade considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para os países em desenvolvimento. Em uma década, o número de idosos no Brasil cresceu 17%, em 1991, ele correspondia a 7,3% da população.
O envelhecimento da população brasileira é reflexo do aumento da expectativa de vida, devido ao avanço no campo da saúde e à redução da taxa de natalidade. Prova disso é a participação dos idosos com 75 anos ou mais no total da população - em 1991, eles eram 2,4 milhões (1,6%) e, em 2000, 3,6 milhões (2,1%).
A população brasileira vive, hoje, em média, de 68,6 anos, 2,5 anos a mais do que no início da década de 90. Estima-se que em 2020 a população com mais de 60 anos no País deva chegar a 30 milhões de pessoas (13% do total), e a esperança de vida, a 70,3 anos.
O quadro é um retrato do que acontece com os países como o Brasil, que está envelhecendo ainda na fase do desenvolvimento. Já os países desenvolvidos tiveram um período maior, cerca de cem anos, para se adaptar. A geriatra Andrea Prates, do Centro Internacional para o Envelhecimento Saudável, prevê que, nas próximas décadas, três quartos da população idosa do mundo esteja nos países em desenvolvimento.
A importância dos idosos para o País não se resume à sua crescente participação no total da população. Boa parte dos idosos hoje são chefes de família e nessas famílias a renda média é superior àquelas chefiadas por adultos não-idosos. Segundo o Censo 2000, 62,4% dos idosos e 37,6% das idosas são chefes de família, somando 8,9 milhões de pessoas. Além disso, 54,5% dos idosos chefes de família vivem com os seus filhos e os sustentam.

O IDOSO NA MÍDIA


Idoso de 85 anos é espancado e maltratado

O aposentado Ananias D.M., de 85 anos, foi atendido no Pronto Socorro após acusar a família de agressão. Ele ainda reclamou de maus tratos.
A Polícia Militar foi acionada e os soldados Romeiro e Elias encaminharam o idoso ao Pronto Socorro, onde foi medicado e depois, com muita dificuldade, foi levado para a Delegacia em Defesa da Mulher (DDM) para dar a sua versão à delegada Maria Imaculada da Silva Ricolde.
A vítima disse que é constantemente agredido pela neta (com quem reside), o marido e filho dela, além do enteado, que teria desferido um soco em seu rosto por motivos fúteis. Ele ainda reclamou que não pega seu pagamento da aposentadoria, que fica em poder deles, não recebe assistência médica quando está doente, é trancado dentro de casa e outras situações de maus tratos. A neta Cristina disse que tudo isso não é verdade. O fato foi registrado na Rua Aristodemo Pompeu Lanza, no Jardim Santa Rosa. Depois de ouvidas, as partes foram liberadas.


Moradores da Travessa Casemiro Pereira, não suportando mais presenciar o mau tratamento dado aos pais pelo próprio filho, resolveu neste 07/03, sábado denunciar. O casal Sr. Chico e D. Nazaré, que residem nesta rua nº 27, segundo os moradores, é constantemente maltratado pelo filho de nome Demontier, que todos os dias dirige-se grosseiramente aos pais, chamando a atenção de toda vizinhança. Os habitantes daquela artéria, não mais suportando tamanho sofrimento por parte do casal, resolveu chamar a reportagem da Rádio Mais FM para constatar o fato. Estivemos na residência do casal por volta das 11h00 deste sábado (07), quando acompanhamos os inspetores Marcelo e Ciro Jr. da DRPC, e estes conduziram o filho dos anciãos para se explicar melhor na delegacia. Os vizinhos em conversa conosco, disseram "todos os dias é a mesma coisa. Ele dirige palavrões para D. Nazaré e ela é uma pessoa de 84 anos. Pode acontecer a qualquer momento uma desgraça.
Ele não deixa o casal de anciãos dormirem e nem descansar durante o dia". Segundo os vizinhos, Demontier, filho do casal, vende sempre que não tem dinheiro, os objetos da casa e até as lâmpadas da residência onde mora com os pais. "Eu queria que ele mudasse, pois eu quero muito bem aos meus filhos. Mas sempre que ele não tem dinheiro, ele vende algumas coisas de casa. Estou vendo a hora acontecer uma coisa pior, pois ele sempre se dirige ao pai com palavrões. Ele nunca me bateu, mas não me deixa dormir e fica brigando com a gente o tempo todo", disse a anciã de 84 anos. Demontier tem 40 anos e mora com os pais que sempre a todo instante, segundo vizinhos os maltrata muito. Uma das vizinhas disse que nesta quinta-feira (07), nas primeiras horas da manhã "o filho disse palavrões, brigou com os anciãos e D. Nazaré veio a cair, pensei até que ela tivesse quebrado o braço".
Os inspetores o levaram a DRPC e o escrivão Artur que é o plantonista do final de semana o mandou soltar, pois segundo o que foi repassado pelo inspetor Marcelo, é que não houve nada demais. Ficam aqui alguns questionamentos. O que são maus tratos? Maltratar uma pessoa caracteriza-se apenas quando provoca ferimentos? A pessoa acusada de maus tratos, só é presa quando provoca sangramento ou hematomas? Nestes casos a polícia não teria que ouvir as pessoas envolvidas? Foram ouvidas as pessoas deste caso? Os vizinhos que presenciaram os maus tratos foram ouvidos? Será se neste caso é preciso pagar, para se caracterizar maus tratos? Tivemos também informação de que o Dr. Jurandy Costa, responsável pela Delegacia Regional não estava neste final de semana.

Idoso maltratado por segurança de metrô ganha indenização

A 2ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio (TJ/RJ) condenou a empresa Metrô Rio ao pagamento de indenização por danos morais a um usuário idoso que foi tratado de forma truculenta ao entrar em vagão errado.
Caso – O idoso de 79 anos, Aílton Gomes Valores, ajuizou a ação de danos morais contra Metrô Rio, tendo em vista ter sido tratado de forma violenta pelos agentes da concessionária enquanto utilizava o transporte.
Segundo a inicial, o usuário estava na plataforma da estação Central, quando entrou por engano no vagão destinado somente a mulheres, tendo sido retirado por agentes da concessionária de forma ríspida, não prosseguindo assim sua viagem.
Em sua defesa, o metrô alegou que o agente que abordou o idoso teria somente orientado o usuário de que este se encontrava em um vagão exclusivo para mulheres, argumentando ainda que presta serviço de qualidade e que seus seguranças são bem treinados.
Decisão – A 2ª Câmara Cível do TJ/RJ entendeu que o idoso sofreu dano moral, sendo determinado a empresa Metrô Rio que efetue o pagamento no valor de R$ 5.100 mil a título de indenização.

Idoso e doente era maltratado e mantido trancado em casa

A Polícia Militar atendeu denúncias dos familiares de um aposentado de 69 anos que depois de sofrer um derrame, se tornou incapaz, e vinha sofrendo maus tratos pela atual esposa.
Para entrar na casa na Rua Irmãos Vilas Boas no Bairro Vilas Boas, onde segundo as filhas da vítima, o homem era mantido trancado.Os policiais arrombaram o cadeado e constataram que a residência estava toda suja, roupas jogadas pelo chão, restos de comida estragada e muito mau cheiro.
Os policiais constataram também a falta de água e o chuveiro quebrado.
A atual esposa dele, uma mulher de 40 anos, não foi encontrada.
O homem foi retirado da casa e entregue as filhas.
A medida tomada pelos policiais militares é prevista no estatuto do idoso.

A cada hora, um idoso sofre maus-tratos em SP

Maria do Socorro Paula, de 69 anos, chora ao lembrar dos tempos em que passou frio e fome nas ruas de São Paulo. "Não ter o que comer e onde dormir são as piores coisas da vida." A situação piorou ainda mais quando um dos sete filhos falsificou a assinatura dela para receber a aposentadoria. "Depois disso, fiquei perambulando de rua em rua", recorda a mulher, que há pouco mais de um mês passou a viver no Centro de Acolhida aberto pela Prefeitura na Luz.
O problema vivido por Maria assemelha-se ao de muitos idosos da capital paulista. São Paulo registra diariamente 30 denúncias de maus-tratos contra pessoas da terceira idade - por hora, pelo menos um idoso é maltratado, segundo levantamento do Conselho Municipal do Idoso, que encaminha as queixas ao Ministério Público (MP). O conselho destaca os números hoje, Dia Nacional do Idoso. Os tipos de violência cometidos contra as pessoas da terceira idade são os mais variados: vão de maus-tratos a crimes contra o patrimônio da vítima, passando por abandono.
"A violência praticada contra eles é constante; e a maior parte vem da própria família", lamenta o presidente do Conselho Municipal do Idoso, Antônio Santos Almeida. Para ele, o número de denúncias só não é maior porque muitos idosos têm medo de procurar a polícia. "Acham que, se fizerem a denúncia, poderão sofrer algum tipo de retaliação. Então, preferem ficar calados."
Nesta semana, por exemplo, o conselho atendeu o caso de um idoso que foi colocado para fora de casa pelos filhos. Enquanto a família permanece na residência, ele passou a viver dentro de seu veículo, uma Brasília. "Esses exemplos são chocantes e assustadores", reconhece a promotora pública Cláudia Maria Beré, à frente do Setor do Idoso no MP. Assim que se identifica o agressor, abre-se um processo criminal contra o acusado. De acordo com o Estatuto do Idoso, que entrou em vigor em 1º de janeiro de 2004, quem pratica alguma violência contra uma pessoa da terceira idade pode pegar até 4 anos de reclusão.
Em toda a capital, existem 12 Fóruns Regionais que acompanham as denúncias de maus-tratos contra idosos. Apenas na unidade da região central, onde Cláudia Beré trabalha, existem 350 casos em análise. "A maioria das denúncias envolve albergues irregulares. Quando isso acontece, avisamos a Vigilância Sanitária", afirma a promotora. Nos casos em que o filho agride fisicamente o idoso, o MP entra com uma ação na Justiça para retirar o parente de dentro da casa do pai.
Para atender os mais de 1,2 milhão de idosos residentes na capital, de acordo com o último censo do Instituto Brasileiro de Geográfica Estatística (IBGE), a cidade de São Paulo conta com oito delegacias voltadas para o idoso. A delegacia que registra os BOs da região central fica no Metrô República.